Celulite: Inicialmente, para conhecer o processo de formação da celulite precisamos ser apresentados ao lipócito, uma célula que apresenta pequenos vacúolos de gordura distribuídos em seu interior. Esses são responsáveis por receber o excesso de gordura proveniente da alimentação.
Com o progressivo aumento da deposição de gordura nestes vacúolos, faz com que acabem se aproximando um do outro e, posteriormente, juntando-se de modo a gerar, então, um grande acúmulo que ocupa quase toda a célula. Com a deposição dessa gordura, a célula toda aumenta de tamanho e o tecido gorduroso, que fica embaixo da pele, é formado por um grande número de lipócitos.
Estrutura da celulite:
Entre os lipócitos correm os vasos e as artérias, que trazem o sangue, oxigênio e nutrientes, bem como as veias e linfáticos, que transportam o sangue e os produtos do metabolismo de volta para a circulação. Tudo isso se dá em processo contínuo.
A quantidade de lipócitos é diferente nas pessoas com tendência a serem magras (possuem menos) e, nas pessoas com tendência a serem obesas (possuem mais). No tecido gorduroso existem, também, as fibras que separam os grupos de lipócitos.
Essas fibras são responsáveis pelo maior desenvolvimento da celulite nas mulheres, uma vez que elas são finas e perpendiculares à pele, ligando ela ao tecido muscular mais profundo.
Nos homens, entretanto, estas fibras são mais grossas e se ligam à musculatura de forma oblíqua. Quando o tamanho do tecido gorduroso na mulher aumenta, por causa da acumulação de gordura, este tecido se expande rumo à pele.
Outra diferença é que nos homens, quando o mesmo acontece, as fibras resistem a essa expansão, levando o tecido gorduroso em direção à profundidade, não aparecendo, assim, as irregularidades da celulite.
Mecanismos da celulite:
O tecido gorduroso aumentado vai comprimir as veias e linfáticos formando um edema (inchaço) que aumenta ainda mais o volume do tecido e acelera o processo de celulite. O hormônio feminino dirige mais gordura para regiões como o quadril e alteram a parede das microveias, piorando as condições circulatórias e agravando a celulite. Este mecanismo atua em um ciclo vicioso que, ao iniciar, tende a perpetuar caso não seja tratado.
Os estágios de celulite vão acontecendo desde o estágio I, quando existe apenas um aumento de volume das células, com um pequeno edema, até estágios mais avançados, onde ocorre uma completa desorganização do tecido gorduroso e aparecimento de nódulos e depressões (os temidos buraquinhos).
Tratamentos da celulite:
Veja abaixo alguns tratamentos para celulite.
Drenagem Linfática:
Drenagem linfática é uma técnica para o tratamento da celulite que atua no auxílio do processo de eliminação das impurezas acumuladas nos espaços entre as células dos tecidos. Seu principal objetivo é tirar o excesso de líquidos e/ou toxinas, de modo a melhorar a oxigenação dos tecidos, bem como a nutrição dos mesmos.
O tratamento com drenagem linfática pode ser realizado de duas formas, uma manual e outra com a utilização de aparelhos, por meio de movimentos circulares e suaves sobre os pontos em que estão situados os vasos linfáticos. Ao contrário do que muitas pessoas pensam este tratamento não causa qualquer tipo de lesão, pois os movimentos são feitos de forma leve, já que os vasos linfáticos estão sob uma camada superficial.
A sensação da diminuição de medidas se deve em razão da eliminação do excesso de líquido no organismo.
Radiofrequência:
Alguns aparelhos realizam o tratamento da celulite com uma tecnologia que combina infravermelho, radiofrequência e massagem mecânica. O infravermelho, bem como a radiofrequência, atua na flacidez da pele de forma profunda, enquanto que a massagem mecânica age estimulando a formação do colágeno, produzido naturalmente pelo organismo.
A massagem é geralmente realizada por meio de rolos de sucção, com objetivo de melhorar a circulação, diminuir o inchaço e mobilizar as fibras do tecido adiposo. Ao aquecer o tecido com o uso da radiofrequência e do infravermelho, ela viabiliza um maior fluxo sanguíneo para região, que ajuda na melhora da oxigenação dos tecidos.
No tratamento da celulite com radiofrequência o paciente sente uma elevação da temperatura sobre a pele e uma pequena pressão ocasionada pela massagem mecânica. Existem algumas regiões, com a parte interna da coxa, que podem sentir um pouco mais os efeitos descritos.
Ultrassom:
Aparelho que combina ultrassom a correntes estereodinâmicas, que favorecem o tratamento da celulite e acelera o sistema linfático. O objetivo é remover a gordura e as toxinas que foram expulsas com o ultrassom.
No tratamento da celulite, a região é previamente demarcada e depois, é aplicado um gel que serve de meio de condução da onde de ultrassom. O paciente sente somente um pequeno formigamento.
Estágios da celulite:
Condição normal:
Na condição normal, o tecido gorduroso é ricamente irrigado, as células gordurosas são de tamanho e formas normais. Os vasos são eficientes e têm formato normal. Não existe edema e a termografia é normal.
Celulite estágio I:
Grau da celulite onde ocorre acúmulo de gordura dentro da célula aumentando o volume do tecido gorduroso. Não existe alteração circulatória nem dos tecidos de sustentação, apenas uma discreta dilatação das pequenas veias do tecido gorduroso. Não há sinais visíveis na pele e nem dor. Na termografia pode aparecer o aspecto chamado "Moucheté" que representa aumento de temperatura provocada por edema e hiperpermeabilidade dos capilares sanguíneos.
Nesse estágio o principal é tratar com exercícios e reeducação alimentar. Não há necessidade de tratamento médico, embora a avaliação e orientação em clínica competente sejam necessárias de modo a diagnosticar o grau exato de celulite. A recuperação neste caso é total.
Celulite estágio II:
As células gordurosas ficam um pouco mais cheias de gordura, levando as que ficam na parte mais profunda a sofrer o mesmo processo. Já começa a ficar aparente certo grau de fibrose que, ao agravar, pode formar micronódulos na fase seguinte.
O aumento no volume das células provoca alteração circulatória, devido à compressão das microveias e vasos linfáticos. O sangue e a linfa (líquido aquoso que banha as células) ficam represados, levando a um maior inchaço das células gordurosas e detritos tóxicos que, ao invés de serem eliminados, se acumulam.
Na pele, já é possível observar irregularidades na palpação e, ainda, não existe dor. Na termografia, o aspecto "Moucheté" é mais característico, aparecendo edema e estase sanguínea, demonstrados por áreas de temperatura elevada.
Neste estágio o tratamento é necessário com o uso de eletrolipoforese, ultrassom e drenagem linfática, além dos exercícios e reeducação alimentar. Se houver adesão ao tratamento, pode-se esperar a recuperação.
Celulite estágio III:
As células seguem aumentando de volume em razão da contínua aquisição de gordura, levando à desorganização do tecido e o aparecimento dos nódulos que, apesar de mais profundos, são vistos como irregularidades na superfície da pele, mesmo sem a palpação. Inicia a formação de fibrose, o que significa endurecimento do tecido de sustentação (onde estão as fibras), de modo que a circulação fica ainda mais comprometida, podendo aparecer os vasinhos e microvarizes.
Neste estágio, a pele forma um aspecto parecido com o da "casca de laranja", além da sensação de peso e cansaço nas pernas. Deve-se lembrar de que a celulite é basicamente um problema circulatório e, nesse estágio, a circulação no tecido gorduroso já está comprometida.
Na termografia aparece o aspecto de "pelle di leopardo", que significa a presença de inúmeras manchas termográficas, denotando a desorganização do tecido, com várias temperaturas, com presença de edema e estase venosa. O tratamento é realizado da mesma forma que o estágio II, no entanto são necessárias muito mais sessões e a recuperação apesar de boa, não é total.
Celulite estágio IV:
Neste momento, o inchaço desordenado das células gordurosas é acentuado. O tecido de sustentação está mais endurecido (fibroesclerose) e a circulação de retorno muito comprometida. Este estágio apresenta uma celulite dura e a pele fica "lustrosa", cheia de depressões e com aspecto acolchoado. As pernas ficam pesadas, inchadas, doloridas e a sensação de cansaço é frequente, mesmo sem esforço.
Em sua termografia aparecem os aspectos anteriores já descritos, porém, surgem os "black holes", ou "buracos negros", que são regiões de circulação diminuída, representando uma coalizão de vários micronódulos em macronódulos, com presença de significativa fibrose.
O tratamento com ultrassom, eletrolipoforese e drenagem linfática é demorado, mesmo assim, pode-se esperar uma melhora parcial. Eventualmente, pode ser necessário associar o tratamento cirúrgico, com subcisão e lipoescultura, principalmente, se houver gordura localizada bem estabelecida e depressões no tecido gorduroso.
Considerações:
Quanto mais cedo iniciar um tratamento da celulite, melhor será o resultado. A termografia é importante para determinar o grau de celulite e planejar o tratamento, além de oferecer um prognóstico do resultado.
Em todos os casos existem tratamentos, mas nos graus mais leves a recuperação é total, enquanto que, nos graus mais avançados, o resultado é parcial. Mas, mesmo nestes casos de graus mais avançados, é importante tratar, porque ao continuar sem a atenção adequada, poderá ocorrer uma piora ainda maior.
É importante que se saiba, no entanto, que nos casos graves o resultado será eficiente, mas não total. Deve-se lembrar de que cada pessoa é diferente, com diferentes apresentações da celulite, de modo que uma correta avaliação deve ser o início de qualquer bom tratamento.
Localização da celulite:
A celulite pode se localizar em várias regiões do corpo, porém, existe uma predileção pela região glútea, a região lateral da coxa, a face interna e posterior da coxa, o abdômen, a nuca, a parte posterior e lateral dos braços e a face interna dos joelhos. Mas em pessoas predispostas, pode atingir até mesmo os tornozelos.
Fatores que favorecem a formação da celulite:
A herança genética é muito relevante nos casos celulite, podendo herdar diferentes fatores que predispõem a ela, como a produção de hormônios, tipo constitucional e até hábitos alimentares. Mas isso não significa que, obrigatoriamente, a pessoa vá desenvolver o problema.
Ao supor, por exemplo, que duas irmãs gêmeas idênticas e com predisposição genética para celulite, sejam criadas por famílias diferentes. Uma família se preocupa em manter uma alimentação saudável e em fazer exercícios físicos regulares. A outra não dá qualquer importância para esses cuidados. A primeira gêmea tem probabilidade muito menor de desenvolver celulite. Em resumo, uma pessoa com tendência hereditária para desenvolver celulite, mas que se cuida, provavelmente desenvolverá menos a doença, do que a com vida sedentária e hábitos alimentares descuidados.
Fatores hormonais da celulite:
Os hormônios femininos normais têm um papel importante no aparecimento da celulite, pois eles determinam onde a gordura será depositada. Também é ele que dá a característica ginóide, que favorece a deposição de gordura no quadril e na coxa.
O hormônio feminino tem, ainda, uma forte e importante ação na parede das veias, facilitando a formação de edema (inchaço). Tem papel na retenção de líquidos que ocorre no final do ciclo menstrual e que pode ter responsabilidade no aparecimento da celulite. Podemos dizer que a celulite depende da deposição de gordura, da ação dos hormônios e das alterações das veias e linfáticos. O papel dos hormônios é determinante e muito forte, o que é comprovado pelo fato de a celulite começar a aparecer na adolescência, quando os hormônios femininos passam a ser secretados pelo organismo.
Alimentação e celulite:
Comer mais que o necessário, dietas ricas em gorduras e carboidratos, ou maus hábitos alimentares, como comer muito à noite aumentam a síntese e o armazenamento de gorduras, favorecendo a celulite. Tomar pouca água e abusar do sal dificulta a troca de líquidos do organismo, favorecendo a retenção de resíduos tóxicos do metabolismo celular. As células funcionam como uma fábrica que produz várias substâncias úteis, mas esse trabalho todo deixa resíduos tóxicos, que precisam ser eliminados constantemente.
Vida sedentária:
A falta de exercícios físicos diminui muito o consumo de energia pelo corpo, facilitando as sobras alimentares que serão transformadas em gordura. Além disso, as células perdem a capacidade de produzir energia e levam o organismo todo a ser mais apático, devagar.
Em outras épocas, a vida das mulheres não contava com as facilidades que existem hoje, como transporte fácil, eletrodomésticos, água encanada etc. Uma mulher, há não muitos anos, tinha afazeres domésticos que estimulavam muito mais exercícios do que hoje, como tirar água do poço, ou andar para fazer suas atividades, por exemplo. As facilidades modernas tornam obrigatória a realização de alguma atividade física para evitar o sedentarismo que é muito prejudicial para a saúde como um todo, e não somente para a harmonia corporal.
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